No meu sofá

A Morte do Comendador de Haruki Murakami

Este foi o primeiro livro que li deste autor e desconhecia por completo o seu estilo. Escolhi-o porque estava na secção de novidades da Biblioteca Municipal (apesar de não ser propriamente uma novidade). Peguei nele por instinto, acabei por trazê-lo comigo e comecei a lê-lo o mês passado.

Fotografia de State Library Victoria

Conta a história de um pintor de retratos que vê o seu casamento chegar ao fim, de forma inesperada, e o percurso de vida que se segue. Depois de deambular sem destino no seu Peugeot 208, acaba por ir viver sozinho para um local remoto nas montanhas, a casa de um falecido pintor consagrado (pai de um amigo dos tempos de escola). É neste local que a história assume contornos que misturam o real e a fantasia. Não é nada o meu género – confesso – mas foi precisamente a descoberta de um quadro escondido no sótão, o inexplicável toque de um sino, vindo das profundezas das montanhas e a interação com a misteriosa personagem Menshiki (que encomenda um retrato ao protagonista pagando-lhe uma verdadeira fortuna) que mais me fizeram vibrar com a leitura deste livro. Sem esquecer o místico “comendador”, é claro, mas não seria justo desvendar muito mais para quem ainda quer ler este livro.

Gostei como me fez refletir no modo como a arte (a música e a pintura em particular) se liga às coisas do dia a dia. Ou como as coisas do dia a dia aparecem na arte, dependendo da perspectiva. Há uma passagem que me ficou particularmente gravada, pela sua simplicidade e profundidade.

O importante é não criar algo do nada. O que precisais de fazer é descobrir o que já lá está.

Haruki Murakami em A Morte do Comendador

Numa nota menos positiva, senti alguma impaciência em relação ao desenrolar da história, principalmente quando as partes mais emocionantes eram interrompidas por histórias passadas/paralelas ou descrições muito longas. No que diz respeito à descrição gráfica dos encontros sexuais do protagonista, confesso que me pareceu algo despropositada (e não o estou a dizer num sentido pudico, simplesmente senti que por vezes estavam a mais). Uma nota também em relação à tradução, que nem sempre me agradou, principalmente pelo uso excessivo de frases feitas, e que me fez desejar saber japonês.

A leitura deste livro significa para mim algo de muito importante que é o regresso ao hábito de leitura, mesmo que a história não me tenha encantado totalmente. Em jeito de conclusão, confesso que não estou ansiosa pelos próximos volumes (não os incluí na minha lista de leituras para 2021), mas quem sabe um dia regresso a esta história.

Alguém desse lado já leu este livro? Ou outros livros de Murakami que recomendem? Deixa um comentário e partilha a tua opinião!

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