Fora de portas

Fui à cidade do amor e apaixonei-me

Paris. Provavelmente um dos destinos mais procurados da Europa. Conhecida como a Cidade do Amor ou a Cidade das Luzes, adjetivações que lhe assentam que nem uma luva, para mim fica marcada como a cidade dona de uma atmosfera única. Apaixonei-me pela beleza de tudo o que vi mas muito mais por aquilo que senti. O pulsar da cidade. Se quero voltar? Hei-de voltar, sim, agora já com as principais atrações riscadas da lista e com mais tempo para percorrer as ruas, ir aos mil cafés, fazer piqueniques nos parques, beber um copo de vinho à beira do Sena e comer todo o pain aux chocolat a que tenho direito.

Onde fui? E o que ficou por ver da (minha) lista de imperdíveis?

Sendo a minha primeira visita a Paris, a escolha recaiu nos locais incontornáveis e um ou outro (talvez) menos procurado. Visitámos a Torre Eiffel, o Museu do Louvre, o Palácio de Versalhes, Notre Dame (apenas por fora, pois ainda está em obras), os Campos Elísios e o Arco do Triunfo, Montmartre e o Coração Sagrado e os Jardins do Luxemburgo, Place des Vosgues, Jardim das Tulherias e outros tantos jardins cujo nome não registei, mas que existem por todo o lado. Fomos ao Quartier Latin, explorámos o Le Marais e terminámos no cemitério Pére Lachaise. Andámos pelas ruas e caminhamos muito. Foram sete dias cheios, em que tentámos encaixar tanto quanto possível mas muito ficou ainda por ver e ainda bem. É o pretexto perfeito para voltar e ir ao centro Pompidou (vimos só por fora), às Galerias D’ Orsay e às Catacumbas de Paris, o Moulin Rouge, para nomear apenas alguns dos locais que ficaram por visitar. E se forem no Verão, há praia no Canal Saint Martin ao domingo e cinema gratuito ao ar livre na La Villete! Duas atividades que não consegui encaixar mas que gostaria muito de ter vivenciado.

O que mais gostei?

Adorei a Torre Eiffel, apesar das duas horas de espera ao sol para entrar. Talvez a razão tenha em parte a ver com o facto de ter subido ao topo e superado o meu medo de alturas (mesmo que temporariamente). 300 metros de superação. Mas sim, a vista é simplesmente de cortar a respiração e é difícil não ficar pasmada. Não é à toa que a dama de ferro é o monumento mais visitado do mundo. No segundo patamar é possível identificar com clareza todos os pontos turísticos e subindo ao topo vemos a magnitude da cidade, numa vista a 360º. Desci a pé pelas escadas e recomendo a experiência. Só não consegui andar em cima do piso de vidro do 1º andar (confesso). A experiência só ficou completa depois de a ver a torre a cintilar à noite. Optámos por esperar na escadaria do Trocadero, local com vista privilegiada. Isto acontece no início de cada hora, a partir do momento em que anoitece. Façam o favor de não perder este espetáculo.

O Museu do Louvre é o maior museu de arte do mundo e, portanto, vão com tempo. Estivemos cerca de 6 horas lá dentro e não vimos tudo (muitos mais dias seriam necessários). O palácio é lindíssimo, claro. Seria difícil destacar alguma coisa (deixo-vos o registo que fiz no no TikTok) mas ficou-me registada a forma extremamente cuidada de todo o museu, das peças e dos espaços. E, sim, a Mona Lisa é muito mais pequena do que se imagina. Consegui ir mesmo lá à frente, não sem antes ter estado como sardinha em lata ente hordas de turistas. E a Vénus de Milo, não a vejam só de um ângulo.

O Palácio de Versalhes não é só a sala dos espelhos. É a grandiosidade, é certo, mas é também a pessoa a ler um livro deitada na relva em frente ao grande lago, que foi algo inesperado para mim. Estava à espera de ficar de boca aberta com a dimensão e opulência do palácio, mas não esperava encontrar um parque vivido pela população. O parque é, aliás, um local de eleição e pode ser visitado de forma gratuita. Se contarmos com o palácio e o parque, são 800 hectares, que percorremos a pé e também de carrinho elétrico. Para além das referências históricas, tinha na minha memória o filme Marie Antoinette (2006), da Sofia Copolla, que por acaso revi recentemente: é impossível não recordar a opulência e decadência retratada no filme em cada esquina do palácio.

As ruas, os jardins e tudo o resto, uh lá lá

Paris ficou no meu coração. Leva cada canto desta cidade no meu coração e na minha retina. Quero muito voltar e viver a cidade, aventurar-me pelas ruas estreitas de calçada, longe das multidões das zonas mais turísticas. Quero explorar os cafés escondidos em edifícios centenários e os pátios discretos que espreitam aqui e ali. Estes cantos escondidos de Paris mostram a personalidade da cidade, e que talvez tenha sido o que mais me marcou.

Minto. Ou então estou só indecisa! O que mais me marcou foram os espaços verdes, em particular os jardins. Destaco o Jardim do Luxemburgo, localizado na margem esquerda do Sena, um poema vivo escrito em tons de verde (e de todas as outras cores das flores). Os Jardins do Luxemburgo não são apenas um cenário encantador, mas também uma obra-prima no que toca ao pensar do espaço: cadeiras de madeira, espalhadas pelos relvados, convidam a encontros improvisados ou a contemplações solitárias. Não é apenas um jardim: é uma sinfonia viva de natureza e história, convidando todos a fazer parte da sua narrativa.

E por fim, menção honrosa para a visita ao cemitério Père Lachaise, onde encontramos túmulos ornamentados por entre caminhos labirínticos, que se entrelaçam de tal forma que a consulta do mapa se torna frequente. Ao percorrer as ruelas de pedra, os túmulos variam entre os que são grandiosos, como o icónico túmulo de Oscar Wilde, até aos mais humildes, escondidos em recantos onde a natureza vai recuperando o seu espaço. Não podia deixar de lá ir em busca do local de descanso derradeiro de um dos meus ídolos da adolescência – o túmulo do Jim Morrison – e porque já sabia ao que ía, não fiquei desiludida. O Père Lachaise é um um testemunho da beleza encontrada na natureza efémera da vida e um museu ao ar livre onde o tempo parece ter parado entre os sussurros dos que já partiram. Há visitas noturnas com guia e eu não sei se teria coragem.

Dicas de viagem

Metro (cuidado com as multas)

Para além dos muitos passos acumulados (calçado confortável é obrigatório), andámos principalmente de metro. Comprámos um cartão Navigo Easy, que fomos carregando com bilhetes. Se carregarem com 10 bilhetes, cada um fica por cerca de 1,80€. Recomendo também a instalação da aplicação Bonjour RATP, que permite calcular percursos e, encostando o cartão Navigo ao telemóvel, consegue-se verificar o número restante de bilhetes e até comprar mais (gadget girly here).

Recomendo que façam uma pesquisa cuidadosa das diferentes opções pois as multas são pesadas e os turistas não são poupados (como aliás pudemos testemunhar in loco). A melhor opção depende muito do dia de chegada, do tempo da estadia e do número previsto de deslocações. O youtube foi uma fonte de informação preciosa e há imensos vídeos a explicar como o sistema de metro funciona. Recomendo este canal.

Bounjour. Parlais vos anglais?

Não tive qualquer problema em fazer-me entender em Paris, apesar da reputação negativa que muitas vezes ouvimos falar associada a este tema. Falo um francês muito rudimentar, entendo pouco, mas foi o suficiente para nos irmos orientando. E quando o francês claramente não foi suficiente, começar o diálogo com um simpático Bonjour, seguido de um Parlais vous anglais?, resultou bem. Não tenho qualquer razão de queixa. Senti que o nosso esforço por dizer uma ou outra palavra em francês foi bem recebido e abriu portas para uma melhor comunicação. A mim, deu-me vontade de recordar o idioma.

Reservas com antecedência

Reservem tudo o que puderem com o máximo de antecedência que conseguirem. Nós já tínhamos bilhetes para o Louvre e para o Palácio de Versalhes, mas para a Torre Eiffel já estavam esgotados, mesmo com duas semanas de antecedência (daí as duas horas de espera e a lotaria de conseguir ou não um bilhete na hora). Recomendo que reservem bilhetes que vos permitam fazer uma visita de dia inteiro, tanto o palácio de Versalhes como para o Louvre. Vale muito a pena!

Escolher o local para ficar alojado

Não vou recomendar um local em específico mas antes partilhar como fiz a minha pesquisa. O que fiz foi algum trabalho de casa antes de escolher o local. Vi muitos vídeos de recomendações no youtube e foi assim que compreendi as zonas a evitar. Paris é composta por 20 bairros (arrondissements) e se pesquisarem pelo número do bairros, vão encontrar quem mostre as vantagens e desvantagens de cada um. A rede de transportes públicos em Paris é fantástica, pelo que qualquer local se torna acessível. Ficámos no coração de Paris e, claro, foi muito bom. Não posso indicar o local, pois já não está disponível, por ser uma casa de uma parisiense que atualmente reside fora e habitualmente aluga por períodos mais longos. Numa próxima ida, voltaria a escolher o Le Marais ou o Quartier Latin, sem dúvida. São zonas mais caras, mas com alguma pesquisa (e alguma sorte) por vezes encontram-se estas oportunidades de ficar alojado como um local.

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